Esta foto está entre as 100 melhores do século XX
Brasileiro nato, do interior de Minas Gerais. Sebastião Salgado nasceu emAymorés, a 8 de fevereiro de 1944. Uma cidadezinha doVale do Aço. A mais de 150 km de Belo Horizonte. Filho de um pecuarista, dono da fazenda chamada Bulcão.
Até o segundo grau, estudou na pacata cidade com nome indígena. Depois foi cursar o secundário na capital mineira. Por lá, escreveu num jornal comunista. Apanhou da polícia, mas não desistiu do socialismo.
Os estudos levaram Sebastião Salgado na direção do mar. Começou a cursar Direito na UFES, em Vitória, Espírito Santo. Mas logo mudou de carreira e se formou emeconomia. Na faculdade conheceu Lélia Wanick, namoraram e desde então não se separaram. Com a arquiteta teve 2 filhos, um deles com Síndrome de Down.
Economista formado, foi fazer mestrado na USP. Aluno dedicado, ganhou bolsa sanduíche de mestrado, nos Estados Unidos, na Vanderbilt University. Muito inteligente, atravessou o Atlântico para fazer doutorado na Sorbonne, em Paris.
Por envolvimento com o Partido Comunista, durante a época da Ditadura Militar, tem o passaporte caçado. Salgado, então, fixa residência na França. Até os 28 anos ainda não tinha fotografado!
Até que Lélia comprou uma câmera Pentax para fotografias domésticas. Foi o click inicial de uma carreira brilhante. Tião, como era chamado pela esposa, fotografava em casa mesmo. Até que o Instituto Internacional do Café, onde Sebastião trabalhava como economista, na França, o convocou à ir praRuanda. Salgado levou a máquina da mulher e se apaixonou pela fotografia.
Corajoso, em 1974 pede demissão e começa a carreira defotógrafo profissional. Sem nenhuma experiência, procura uma vaga na agência Gamma. Seu primeiro trabalho foi naRevolução dos Cravos, em Portugal. Depois, teve uma breve passagem pela Sygma. Até chegar, em 1975, na maior agência fotográfica: Magnum Photos.
Em 1981, foi chamado pelo jornal americano New York Times, para fotografar os 100 primeiros dias do governoRonald Reagan. Na hora certa e no lugar certo, Salgado foi o único a fotografar o atentado sofrido pelo presidente. Em 1 minuto e meio, tirou 72 fotos em duas camêras Leica. Trabalho que rendeu mais de 200 mil dólares.
Certo de seu talento, Sebastião Salgado investiu esse dinheiro na própria carreira. O capital serviu para patrocinar dois ensaios. Sahel, na África e Outras Américas. Os dois trabalhos foram lançados simultaneamente em 1986. Com eles Salgado ganhou muitos prêmios e se tornou conhecido mundialmente, exceto na terra natal, o Brasil. No mesmo ano, a revista Geo o chama para fazer um ensaio no garimpo de Serra Pelada.
Apoiado pela esposa Lélia ele lançou, em 1993, o ensaio "Trabalhadores: uma arqueologia da sociedade indústrial". Esse livro, com 256 fotos, não foi lançado no Brasil, mas abalou o mundo. O sucesso foi tão avassalador, que Salgado sai da Magnum e funda a sua própria agência aAmazonas Images, no mesmo ano de 1993.
Cultuado pelo mundo da fotografia, lança em 1997 o trabalho "Terra". Com texto de apresentação de José Saramago, que na época ainda não tinha ganhado o prêmio Nobel, e músicas de Chico Buarque, a exposição foi lançada em 10 mil lugares espalhados no mundo, simultaneamente. Todos os direitos foram doados para o Movimento dos Sem Terra (MST).
Em 2000, Tião lança o trabalho "Êxodos". Formando a trilogia de seus ensaios mais importantes. Desde então, ele produz novas fotografias para o livro "Gênese". Cansado do bicho homem, resolveu fotografar o que o homem ainda não interviu. O novo trabalho será lançado em 2013.
Sebastião Salgado recuperou a fazenda que era do pai, a Bulcão. Lá existe uma Reserva ambiental (RPPN), onde ele plantou milhares de árvores. Em 2008 ganhou o prêmio Faz Diferença do jornal carioca O Globo, pelo trabalho ecológico.
Por Robson Sales, com todas as referências à Dante Gastaldoni